“Nós perguntamos ao próprio G-Man sobre ‘Half-Life 3′” [Entrevista Vice traduzida]

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Como a Valve inicialmente introduziu o personagem a você?

Não tenho certeza se havia uma descrição escrita. Eu vi um desenho a lápis e o diálogo dele. Esse foi o ponto inicial. Eu sabia uma que das coisas que eu acho que é verdade sobre o G-Man é que ele tem permissões que a maioria das pessoas não tem. Ele pode viajar pelo tempo e ele pode viajar para dentro ou para fora de espaços.

Eu acho que meio que há duas teorias. Uma é que ele tem empregadores e a outra é que ele tem, sim, empregadores, mas na realidade ele tem um jogo maior em mente e eles estão realizando apenas suas aspirações em contratá-lo. E eu acho que o conhecimento de que ele tinha esse tipo de influência no universo e ainda assim ele é muito conectado pessoalmente com todos os personagens com os quais ele interage. É um personagem muito visceral, muito pessoal. Isso é algo que eu soube desde cedo. É algo que eu queria colocar na performance da voz do personagem.

A Valve deu alguma direção no estúdio de gravação?

É um processo de direcionamento… uma das coisas que eu sempre gostei sobre o personagem é que ele sabe muito mais do que diz. É o tipo de direção que você consegue ter. Pode não parecer tão tangível mas isso, na verdade, informa muito sobre como você vai falar e como você vai temporizar sua cadência e o ritmo com o qual você revela informações e o caminho que você toma observando a pessoa com a qual você está falando enquanto ela vagarosamente começa a juntar as peças.

G-Man tem uma cadência bastante única. Ele fala como se estivesse traduzindo seus pensamentos para uma linguagem com a qual sua boca não é familiar.

É um jeito muito interessante de fazer essa colocação.

De onde isso veio? Como você chegou lá?

O jeito com o qual G-Man fala é uma forma de música. O que você disse pra mim sugere um tipo de transportação, uma tradução, um tipo de transformação e adaptação que está acontecendo. Eu ouço a música na voz de G-Man. Eu atuei por muitos anos e eu também sou músico então é um modo de comunicação que é muito orgânico para mim.

Então, há um atempo [fora da batida, sem tempo] na formulação de seus pensamentos que revela um número de coisas. Há muito acontecendo dentro da cabeça do G-Man que não sabemos sobre e eu posso dizer, sem revelar demais, há muita história e nós não a recebemos por completo ainda. São histórias de fundo e histórias principais. Tempo não é realmente um elemento confinante para G-Man.

Há um outro aspecto nisso – o prazer que ele tem em se engajar com personagens com os quais ele se encontra é, para mim, sempre um aspecto notável dele. Ele está deliciosamente mexendo com cada um deles. Ele faz ofertas que não podem ser recusadas inteiramente e ainda não fica claro o que vai acontecer. Eu acho que esses momentos de interação são agradáveis para ele.

Ele é muito engajado. Você acharia que alguém poderoso como ele seria distante, mas ele não é. Ele está nisso. Ele. Está. Nisso.

Qual é a sua teoria sobre quem ou o que ele é?

Você tem uma? Uma teoria?

O personagem que ele me lembra mais é o Q, de Jornada nas Estrelas: A Nova Geração. Q é um personagem divino que aparece em momentos aleatórios para testar e persuadir a tripulação do Starship Enterprise. G-Man faz o mesmo, ele aparece para testar Freeman e seus amigos.

Ah, mas Q é parte de toda uma espécie, certo? Eu não sei se há mais que um G-Man. Deixe-me ser claro sobre isso. Eu acho que ele é singular e eu posso lhe dizer que é a longo prazo o que ele tem em mente.

Você esteve dando voz a esse personagem, indo e voltando, por quase vinte anos. Tem alguma memória desse tempo que ficou?

Em dublagem, às vezes você fica em isolamento. Mas tem uma experiência colaborativa real em trabalhar com o pessoal da Valve. Ele é um exemplo.

Eu recebo a ligação de que a Valve está reunindo a turma pra Half-Life: Alyx, apesar de que eu não sabia que era chamado dessa forma ainda. Eu só sabia que eles queriam que eu voltasse e gravasse algumas coisas.

Eu entro e digo olá. Eu fiz um monte de coisas diferentes com esses caras, mas nós não havíamos nos visto por algum tempo. Eles me mandam as páginas, eu entro na cabine. E eu não consigo ouví-los porque eles estão do outro lado do vidro temperado. Uma das coisas que tendo a fazer é fechar meus olhos. Eu leio o script, mas uma vez que peguei as linhas, eu fecho meus olhos.

E eu li algumas das primeiras linhas que estávamos gravando para Half-Life: Alyx e eu não consigo ouvir porque é uma sala à prova de som. E eu pensei “Isso parece tão natural. É como se eu tivesse voltado à cena e colocado minha mão na alça de uma maleta”. É muito prazeroso.

Eu termino as frases e eu abro meus olhos e do outro lado do vidro eles estão dançando e balançando as mãos. G-Man está de volta. Aqueles caras, comigo e G-Man, foi um momento realmente exuberante.

Quando você percebeu o quão importante Half-Life era?

Half-Life como uma série e G-Man como um personagem são autônomos.

Eu não posso dizer que sabia disso em 1998, mas o que eu sabia em 1998 – porque eu estava dando voz a muitos jogos de tiro em primeira pessoa – era que o que eles estavam atrás em primeiro lugar era algo a mais do que uma desculpa para passar para a próxima cena, que eles acreditavam no tipo de efeito e efeito magnético e conexão magnética que resulta de uma história e personagem que estão solidificados na história.

Existem frases do G-Man que você gravou e não ouvimos ainda?

Como a resposta a isso poderia ser não?

Olha, é um requisito. Eu tenho que te perguntar sobre Half-Life 3.

Há uma longa história aqui. Há algo a longo prazo que o G-Man está fazendo. Eu vou dizer isto.

Fonte: https://www.vice.com/en_us/article/m7qw44/we-asked-the-g-man-himself-about-half-life-3

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